terça-feira, 17 de maio de 2011

A LUA NA ITAQUATIARA DO INGÁ - TEXTO -POST 205

A LUA NA ITAQUATIARA DO INGÁ





LUA -  UMA LANTERNA PRATEADA NOS CÉUS 





A Lua , logo após o Sol , ocupava um lugar privilegiado nas antigas cosmologias e  geralmente era  considerada uma entidade benigna e benfazeja , que espantava  as trevas  e iluminava os caminhos .

No Hemisfério Norte , a  Lua Cheia  mais próxima do Equinócio de Outono ajudava os agricultores ,  ampliando o tempo em que podiam trabalhar após o crepúsculo ; no inverno , os dias mais  curtos eram compensados pela Lua Cheia , iluminando a Terra .

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O  regular comportamento da Lua ( sucessão das fases  )  ensejava uma medida para  medir  o tempo ; a expressão do tipo “depois de muitas luas” é encontrada nas lendas e documentos arcaicos  de várias civilizações .

        As pioneiras  tentativas de sistematização do Cosmo  para explicar  o curso lunar e os fenômenos que o acompanham  variavam segundo os diversos povos ; os nautas da orla marítima  consideravam a Lua , ao lado das estrelas , como um astro – piloto , um guia valioso para navegação .



A Lua no folclore universal



Na Europa , acreditava – se que as bruxas  nas Luas Cheias  desfrutavam de grande  poder energético e que  aproveitavam a efeméride para realizar e potencializar  seus rituais mágicos .

Segundo o  folclore universal , os lobisomens eram pessoas que se transformavam  em lobos , nas noites de Lua Cheia .

O adjetivo “lunático” denota o mito popular que liga  a insânia  às fases lunares  e “viver no mundo da Lua” significa o comportamento alienado  daqueles que fogem  aos padrões  de conduta  social geralmente aceitos.

Algumas culturas , embora de modo não explícito , correlacionaram o ciclo menstrual ( mens = mês )  com o ciclo lunar mensal .



Simbologia da Lua nas antigas culturas



Sabe – se que a Lua ocupa um lugar proeminente  na simbologia religiosa e profana, de todas as culturas antigas. Na iconografia da Antiguidade dos reis e imperadores divinizados em vida, costumava-se pintar o Sol e a Lua por sobre suas cabeças, para indicar  que eles estavam "nas alturas".

Um dos significados universais mais patentes - inspirado nas fases da Lua - é o da Morte e da Ressurreição , porque este astro   nasce , cresce , alcança um auge , míngua e morre para depois ressuscitar .

No Catolicismo , as estátuas e pinturas de Nossa Senhora da Imaculada Conceição se caracterizam  por representarem a Mãe de Cristo tendo  aos pés a Meia - Lua e o dragão ou serpente,     símbolos  provenientes  tanto da cultura universal pagã quanto das páginas bíblicas ( Apocalipse ) .



Calendários Lunares     



As rápidas  e evidentes mudanças dos aspectos da Lua forneceram aos povos primitivos um meio fácil de computar o tempo através de um calendário lunar . Para os antigos habitantes  da Grécia , Israel e Mesopotâmia , um novo mês começava quando ao anoitecer surgia nos céus a lua crescente, ocasião celebrada feericamente  com tochas e fogueiras .



Os Meses Sideral e Sinódico



O mês sideral é o intervalo de  27 1/3  dias  exigido pela Lua  para completar uma revolução e voltar novamente à mesma posição entre as estrelas .O mês sinódico ou mês das fases  é o     espaço de tempo consumido pela Lua entre duas fases homônimas ( de Lua Cheia a Lua Cheia , de Lua Nova a Lua Nova , etc. ) e dura 29 ½  dias .

        Por razões óbvias , os antigos usaram o período sinódico , para o estabelecimento do calendário lunar .



Eclipses lunares e os  megálitos de Carnac ( França)

       

Segundo uma  hipótese de 1874 , os megálitos de Carnac  teriam uma finalidade astronômica  . Na década de 1970 , o arqueoastrônomo inglês  Alexander Thom , de Oxford ,  sustentou que as estruturas em pedra em torno do “Grand Menhir Brisé ( Partido , Quebrado ) ” , comporiam um sofisticado observatório  que permitiria a previsão de eclipses da Lua  ( 4.650 a .C. - 1.400 a .C. ) .

A Lua segundo a mitologia dos indígenas do Brasil

Na teogonia ou mitologia de alguns  silvícolas  brasileiros ,   a Lua era Jacy ,  ao mesmo tempo  irmã e consorte e do Sol ( Coaracy ) .

Seu nome em tupi era composto por  ja =  “fruto"ou “vegetal” , e cy = "mãe";  portanto Jacy era a mãe dos frutos e presidia a vida e o crescimento dos vegetais . Os tupis celebravam festivamente  a Lua Nova ( Jacy Omunhã ) e a Lua Cheia ( Jacy Icauá ) .



A Lua segundo as mitologias da Mesopotâmia , do  Egito e Greco-romana .



Segundo a mitologia da Mesopotâmia , a deidade Sin ( acádia ) ou Nanna ( suméria ) referente à Lua , era uma entidade  masculina , venerada nas cidades de   Harran e Ur e geralmente representada com símbolos lunares ( como um crescente sobre a cabeça ) .

A Lua nunca foi tão importante como o Sol para a mitologia dos antigos  egípcios , embora fosse considerada como o seu equivalente noturno . Diferentemente  do Sol ( Aton ) parece  que a Lua propriamente dita  jamais teria sido venerada porque , como os animais , era considerada mais  como um símbolo ou uma manifestação de certos deuses .

Na iconografia  do Egito dos  faraós , a Lua era simbolizada  por uma combinação do disco da Lua Cheia  com o Crescente Lunar ; os deuses vinculados a ela  eram representados  ostentando este símbolo sobre suas   cabeças .

Selene ( do grego “selas” = luz , claridade )  segundo os antigos gregos , era uma deusa que representava todas as fases da Lua , irmã de Hélios (o Sol) e de Eos (Aurora).

Na Grécia Clássica , nosso satélite natural é identificado como as deusas  Selene , Febe ou  Artêmis  ( seus equivalentes  romanos eram Luna e Diana ) e Hécate .       Artêmis , uma das 12 divindades do Olimpo é símbolo da castidade e da pureza ; a semelhança do crescente da Lua  com um arco , fez com que se lhe dessem os atributos de uma caçadora .

Segundo os gregos , a deusa Lua mostrava –se sob três formas : Selene nos Céus , Artêmis na Terra e Hécate no Mundo Inferior , variáveis segundo as fases lunares .



As causas da marés segundo os índios tupinambás  do Maranhão do século XVII .



O frade capuchinho francês Claude d’Abbeville , escreveu em 1616 a “História da Missão dos Padres Capuchinhos na Ilha do Maranhão e Terras Circunvizinhas” ,  hoje  considerada um clássico da literatura etnográfica indígena brasileira .



Nesta obra , dentre tantos outros registros sobre  astronomia indígena tupiniquim , a influência da Lua sobre as marés segundo estes hoje extintos  índios  do Maranhão   é assim descrita :

 “Eles atribuem à Lua o fluxo e o refluxo do mar e distinguem muito bem as duas marés cheias que se verificam na Lua cheia e na Lua nova ou poucos dias depois”.

Essa  informação  tem um significado notável  porque quando  D’Abbeville publicou  o livro , em 1616 ,

as causas das marés ainda não eram conhecidas pela Ciência da Europa . Foi o físico e matemático inglês Sir Isaac Newton ( 1643 – 1727 )   quem explicou  cientificamente , em 1687 , este fenômeno natural  causado pela influência dos  Campos Gravitacionais do Sol e da Lua .



A Lua na Iconografia Antiga  



Na antiga iconografia da Lua , que pudemos consultar , esta encontra-se quase sempre representada por uma figura  falciforme  ( em forma de foice )  e não como um disco ou como um círculo ,  como imaginávamos que fosse .

        Isto significa que , salvo nosso engano ,   a fase de  Lua Cheia ou Plenilúnio era menos representada que as Fases de  Crescente ou Minguante ( Decrescente ) .



Nas figurações da Lua , a margem que separa a área sombreada  da superfície  iluminada  ( denominada “terminator” ) obviamente  é sempre curva , suas extremidades brilhantes e pontiagudas são chamadas  cornos ( chifres ) lunares . Astronômicamente os cornos   estão em direção oposta ao Sol , nascente ou poente .     



Simbologia da Fases Lunares



As fases da Lua  , Crescente ,  Cheia  e  Minguante foram adotadas por alguns povos antigos como símbolos do ciclos da Vida da Mulher  , como equivalentes da Juventude , Meia-Idade e Velhice , respectivamente .





Uma mapa da Lua confeccionado  no Neolítico da Irlanda



Em abril de 1999 , a BBC News divulgou pela Internet a seguinte notícia :  “Prehistoric Moon Map Unearthed” ( Desenterrado um  Mapa Pré-Histórico  da Lua ) .

Segundo esta informação ,  um mapa da Lua dez  vezes  mais antigo do que aquele desenhado por Leonardo Da Vinci ,  em 1505 ,  foi encontrado ,  gravado numa pedra tumular ( Orthostat 47 )  de  Knowth , o lugar  mais antigo do Neolítico irlandês .

Autor da descoberta foi o Dr. Philip Stooke , da Universidade de Western Ontario , Canada , que sobrepôs a uma mapa atual da Lua ( vista a olho nu ) estas inscrições rupestres ( glifos ) da Irlanda . Um dos acidentes lunares reproduzido no mapa pré-histórico seria o  “Mare Crisium” . A borda circular da Lua não consta do petroglifo ; o Dr.Stooke acredita que ela apenas teria sido desenhada , mas não inscrita na pedra . Páginas adiante , reproduzimos os gráficos do Dr . Stooke .

Para maiores detalhes , consultar o trabalho original  :  Stooke, P. J . "Neolithic Lunar Maps at Knowth and Baltinglass , Ireland" . Journal for the History of Astronomy, XXV: 39-55, 1994.

A Lua na itaquatiara do Ingá

Na itaquatiara do Ingá , há uns pouco glifos semilunares que poderiam ser admitidos  como figurações da Lua ; uns outros evocam aqueles de Knowth ( Irlanda ) , mas em nenhum dos casos há elementos suficientes para validar tal interpretação ( V. gráficos anexos ) .

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