A LUA NA ITAQUATIARA DO INGÁ
LUA - UMA LANTERNA PRATEADA NOS CÉUS
A Lua , logo após o Sol , ocupava um lugar privilegiado nas antigas cosmologias e geralmente era considerada uma entidade benigna e benfazeja , que espantava as trevas e iluminava os caminhos .
No Hemisfério Norte , a Lua Cheia mais próxima do Equinócio de Outono ajudava os agricultores , ampliando o tempo em que podiam trabalhar após o crepúsculo ; no inverno , os dias mais curtos eram compensados pela Lua Cheia , iluminando a Terra .
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O regular comportamento da Lua ( sucessão das fases ) ensejava uma medida para medir o tempo ; a expressão do tipo “depois de muitas luas” é encontrada nas lendas e documentos arcaicos de várias civilizações .
As pioneiras tentativas de sistematização do Cosmo para explicar o curso lunar e os fenômenos que o acompanham variavam segundo os diversos povos ; os nautas da orla marítima consideravam a Lua , ao lado das estrelas , como um astro – piloto , um guia valioso para navegação .
A Lua no folclore universal
Na Europa , acreditava – se que as bruxas nas Luas Cheias desfrutavam de grande poder energético e que aproveitavam a efeméride para realizar e potencializar seus rituais mágicos .
Segundo o folclore universal , os lobisomens eram pessoas que se transformavam em lobos , nas noites de Lua Cheia .
O adjetivo “lunático” denota o mito popular que liga a insânia às fases lunares e “viver no mundo da Lua” significa o comportamento alienado daqueles que fogem aos padrões de conduta social geralmente aceitos.
Algumas culturas , embora de modo não explícito , correlacionaram o ciclo menstrual ( mens = mês ) com o ciclo lunar mensal .
Simbologia da Lua nas antigas culturas
Sabe – se que a Lua ocupa um lugar proeminente na simbologia religiosa e profana, de todas as culturas antigas. Na iconografia da Antiguidade dos reis e imperadores divinizados em vida, costumava-se pintar o Sol e a Lua por sobre suas cabeças, para indicar que eles estavam "nas alturas".
Um dos significados universais mais patentes - inspirado nas fases da Lua - é o da Morte e da Ressurreição , porque este astro nasce , cresce , alcança um auge , míngua e morre para depois ressuscitar .
No Catolicismo , as estátuas e pinturas de Nossa Senhora da Imaculada Conceição se caracterizam por representarem a Mãe de Cristo tendo aos pés a Meia - Lua e o dragão ou serpente, símbolos provenientes tanto da cultura universal pagã quanto das páginas bíblicas ( Apocalipse ) .
Calendários Lunares
As rápidas e evidentes mudanças dos aspectos da Lua forneceram aos povos primitivos um meio fácil de computar o tempo através de um calendário lunar . Para os antigos habitantes da Grécia , Israel e Mesopotâmia , um novo mês começava quando ao anoitecer surgia nos céus a lua crescente, ocasião celebrada feericamente com tochas e fogueiras .
Os Meses Sideral e Sinódico
O mês sideral é o intervalo de 27 1/3 dias exigido pela Lua para completar uma revolução e voltar novamente à mesma posição entre as estrelas .O mês sinódico ou mês das fases é o espaço de tempo consumido pela Lua entre duas fases homônimas ( de Lua Cheia a Lua Cheia , de Lua Nova a Lua Nova , etc. ) e dura 29 ½ dias .
Por razões óbvias , os antigos usaram o período sinódico , para o estabelecimento do calendário lunar .
Eclipses lunares e os megálitos de Carnac ( França)
Segundo uma hipótese de 1874 , os megálitos de Carnac teriam uma finalidade astronômica . Na década de 1970 , o arqueoastrônomo inglês Alexander Thom , de Oxford , sustentou que as estruturas em pedra em torno do “Grand Menhir Brisé ( Partido , Quebrado ) ” , comporiam um sofisticado observatório que permitiria a previsão de eclipses da Lua ( 4.650 a .C. - 1.400 a .C. ) .
A Lua segundo a mitologia dos indígenas do Brasil
Na teogonia ou mitologia de alguns silvícolas brasileiros , a Lua era Jacy , ao mesmo tempo irmã e consorte e do Sol ( Coaracy ) .
Seu nome em tupi era composto por ja = “fruto"ou “vegetal” , e cy = "mãe"; portanto Jacy era a mãe dos frutos e presidia a vida e o crescimento dos vegetais . Os tupis celebravam festivamente a Lua Nova ( Jacy Omunhã ) e a Lua Cheia ( Jacy Icauá ) .
A Lua segundo as mitologias da Mesopotâmia , do Egito e Greco-romana .
Segundo a mitologia da Mesopotâmia , a deidade Sin ( acádia ) ou Nanna ( suméria ) referente à Lua , era uma entidade masculina , venerada nas cidades de Harran e Ur e geralmente representada com símbolos lunares ( como um crescente sobre a cabeça ) .
A Lua nunca foi tão importante como o Sol para a mitologia dos antigos egípcios , embora fosse considerada como o seu equivalente noturno . Diferentemente do Sol ( Aton ) parece que a Lua propriamente dita jamais teria sido venerada porque , como os animais , era considerada mais como um símbolo ou uma manifestação de certos deuses .
Na iconografia do Egito dos faraós , a Lua era simbolizada por uma combinação do disco da Lua Cheia com o Crescente Lunar ; os deuses vinculados a ela eram representados ostentando este símbolo sobre suas cabeças .
Selene ( do grego “selas” = luz , claridade ) segundo os antigos gregos , era uma deusa que representava todas as fases da Lua , irmã de Hélios (o Sol) e de Eos (Aurora).
Na Grécia Clássica , nosso satélite natural é identificado como as deusas Selene , Febe ou Artêmis ( seus equivalentes romanos eram Luna e Diana ) e Hécate . Artêmis , uma das 12 divindades do Olimpo é símbolo da castidade e da pureza ; a semelhança do crescente da Lua com um arco , fez com que se lhe dessem os atributos de uma caçadora .
Segundo os gregos , a deusa Lua mostrava –se sob três formas : Selene nos Céus , Artêmis na Terra e Hécate no Mundo Inferior , variáveis segundo as fases lunares .
As causas da marés segundo os índios tupinambás do Maranhão do século XVII .
O frade capuchinho francês Claude d’Abbeville , escreveu em 1616 a “História da Missão dos Padres Capuchinhos na Ilha do Maranhão e Terras Circunvizinhas” , hoje considerada um clássico da literatura etnográfica indígena brasileira .
Nesta obra , dentre tantos outros registros sobre astronomia indígena tupiniquim , a influência da Lua sobre as marés segundo estes hoje extintos índios do Maranhão é assim descrita :
“Eles atribuem à Lua o fluxo e o refluxo do mar e distinguem muito bem as duas marés cheias que se verificam na Lua cheia e na Lua nova ou poucos dias depois”.
Essa informação tem um significado notável porque quando D’Abbeville publicou o livro , em 1616 ,
as causas das marés ainda não eram conhecidas pela Ciência da Europa . Foi o físico e matemático inglês Sir Isaac Newton ( 1643 – 1727 ) quem explicou cientificamente , em 1687 , este fenômeno natural causado pela influência dos Campos Gravitacionais do Sol e da Lua .
A Lua na Iconografia Antiga
Na antiga iconografia da Lua , que pudemos consultar , esta encontra-se quase sempre representada por uma figura falciforme ( em forma de foice ) e não como um disco ou como um círculo , como imaginávamos que fosse .
Isto significa que , salvo nosso engano , a fase de Lua Cheia ou Plenilúnio era menos representada que as Fases de Crescente ou Minguante ( Decrescente ) .
Nas figurações da Lua , a margem que separa a área sombreada da superfície iluminada ( denominada “terminator” ) obviamente é sempre curva , suas extremidades brilhantes e pontiagudas são chamadas cornos ( chifres ) lunares . Astronômicamente os cornos estão em direção oposta ao Sol , nascente ou poente .
Simbologia da Fases Lunares
As fases da Lua , Crescente , Cheia e Minguante foram adotadas por alguns povos antigos como símbolos do ciclos da Vida da Mulher , como equivalentes da Juventude , Meia-Idade e Velhice , respectivamente .
Uma mapa da Lua confeccionado no Neolítico da Irlanda
Em abril de 1999 , a BBC News divulgou pela Internet a seguinte notícia : “Prehistoric Moon Map Unearthed” ( Desenterrado um Mapa Pré-Histórico da Lua ) .
Segundo esta informação , um mapa da Lua dez vezes mais antigo do que aquele desenhado por Leonardo Da Vinci , em 1505 , foi encontrado , gravado numa pedra tumular ( Orthostat 47 ) de Knowth , o lugar mais antigo do Neolítico irlandês .
Autor da descoberta foi o Dr. Philip Stooke , da Universidade de Western Ontario , Canada , que sobrepôs a uma mapa atual da Lua ( vista a olho nu ) estas inscrições rupestres ( glifos ) da Irlanda . Um dos acidentes lunares reproduzido no mapa pré-histórico seria o “Mare Crisium” . A borda circular da Lua não consta do petroglifo ; o Dr.Stooke acredita que ela apenas teria sido desenhada , mas não inscrita na pedra . Páginas adiante , reproduzimos os gráficos do Dr . Stooke .
Para maiores detalhes , consultar o trabalho original : Stooke, P. J . "Neolithic Lunar Maps at Knowth and Baltinglass , Ireland" . Journal for the History of Astronomy, XXV: 39-55, 1994.
A Lua na itaquatiara do Ingá
Na itaquatiara do Ingá , há uns pouco glifos semilunares que poderiam ser admitidos como figurações da Lua ; uns outros evocam aqueles de Knowth ( Irlanda ) , mas em nenhum dos casos há elementos suficientes para validar tal interpretação ( V. gráficos anexos ) .