Cão Maior é uma constelação do hemisfério celeste sul e sua estrela principal, Sírio, foi considerada por um astrônomo bem-humorado como a “Miss Universo” dos céus.
Sírio (alfa Canis Majoris) – “o mais cintilante diamante do firmamento noturno” - desempenhou um importantíssimo papel na História,Astronomia, Mitologia, Religião e Literatura da Humanidade.
Segundo a mitologia clássica do céu estrelado, Cão Maior é um dos sabujos do gigante Órion (Orion) sempre a perseguir a Lebre (Lepus) e ajudando-o a enfrentar o Touro(Taurus).
A imagem de um cão evocada por esta constelação seria composta pelas estrelas Sírio (coração), Muliphen (a cabeça) Mirzan, (pata dianteira), Furud (pata traseira), Adhara (anca), Wezen e Aludra (início e ponta da cauda).
Cão Maior limita-se ao norte com Monoceros( Unicórnio );ao sul com Columba ( Pomba ), e com Puppis( Popa do Navio ); ao oeste com Lepus ( Lebre ) e ao leste, novamente com Puppis .
A constelação do Cão Maior tem uma Ascenção Reta (AR) = 7 e uma Declinação(D) = -20 .Ela é perceptível para as latitudes terrestres entre +60º e -90º .
A estrela Sírio
Sírio , a estrela mais brilhante do céu noturno , cintila com uma cor branco-azulada e tem uma magnitude visual aparente de - 1,46,aproximadamente duas vezes mais luminosa que Canopo ,a 2ª.mais cintilante do firmamento
O nome “Sírio” vem do grego antigo “Seirios” (ardente,abrasador) .
Sírio pode ser observada a partir de quase todas as regiões habitadas da Terra ,exceto daquelas acima de 73 graus ao norte .Sua Ascenção Reta (AR) é 6h45m e Delinação(D) é de 16º 42’.
Juntamente com Prócion ( Cão Menor) e Betelgeuse ( Órion ) ,Sírio forma os 3 vértices do Triângulo de Inverno (Hemisfério Norte) ou de Verão (Hemisfério Sul).
Sírio pode ser vista a olho nu durante o dia , sob determinadas condições favoráveis .
Sírio nos céus dos povos arcaicos
Sírio , pelo seu esplendor atraiu todos os olhares e monopolizou as atenções de povos arcaicos não apenas por ser a mais brilhante estrela do céu noturno como , porque isolada , não tinha ao seu lado estrelas notáveis segundo o astrônomo Rubens de Azevedo
Deificada, Sírio foi astronomicamente a pedra basilar do panteão do Antigo Egito(3.200 a.C-30 d.C)pois era a corporificação de Isis , irmã e esposa de Osíris, personificado pela constelação que chamamos de Órion .
No Egito dos faraós a coincidência entre o nascimento helíaco de Sírio(Sóthis) , a cheia fertilizadora do Nilo e o solstício de verão fez com ele fosse adotado como início de um novo ano - o ano sótico .
O termo “canícula” , alude à constelação de Cão Maior e sua estrela Sírio ( Canicula) e se refere à época do ano de dias com calor abrasador e sufocante , os “dies caniculares “ dos antigos romanos (753 a.C- 476d.C) .
Sírio “desaparece” durante 35 dias antes e 35 dias após a conjunção com o Sol,ofuscada pelo brilho deste .Há uma invisibilidade desta estrela durante 70 dias antes de surgir visualmente , no seu nascimento helíaco . Os sacerdotes egípcios demoravam igual número de dias a preparar um corpo para o embalsamamento .A linguagem do ciclo estelar correspondia à linguagem do rito funerário .
Atualmente , no mês de julho, algumas comunidades esotéricas comemoram festivamente o nascimento helíaco de Sírio com rituais, rufar de tambores , fogueiras e danças.
O ciclo anual de Sírio nos Céus
Alguns nascentes e poentes de Sírio não podem ser observados diretamente , mas apenas inferidos, porque são ofuscados pelo Sol.
No hemisfério sul , em Julho , Sírio pode ser vista tanto à noite quando se deita após o Sol ou de manhã quando se levanta antes dele .
7 de julho : Sírio nasce juntamente com o sol e como é ofuscada por ele , está invisível ( nascimento cósmico).
19 de julho : Sírio nasce antes do sol , de modo que é observada (nascimento helíaco).Nos dias seguintes , Sírio se afasta cada vez mais do sol e é visível durante as últimas horas da noite no horizonte leste .
23 de novembro : Sírio nasce quando o sol se põe(poente cósmico verdadeiro) mas não pode ser observada diretamente .
28 de novembro: Sírio é vista pela primeira vez no deitando-se no crepúsculo matinal (poente cósmico aparente )
9/10 de dezembro: Sírio atravessa o meridiano à meia-noite e surge cada vez mais cedo na noite .
29 de dez : Sírio nasce pela última vez ao cair da noite .
3 de janeiro: Sírio nasce quando o Sol se põe (nascimento acrônico verdadeiro ),fenômeno que não pode ser observado diretamente .
Em maio, Sírio será vista apenas durante o anoitecer
12 de Maio: o último poente observável de Sírio, no crepúsculo (poente helíaco).
23 de maio : Sírio deita-se simultanemente com o sol (poente acrônico verdadeiro), fenômeno que não pode ser observado diretamente.
12 de maio/19 de julho :período de invisibilidade de Sírio .Em de 7 julho , reinica-se o ciclo .
Cão Menor
Cão Menor ( Canis Minor ) ou Pequeno Cão ,uma constelação muito menos extensa que Cão Maior,parece como que “ espremida” entre o Equador Celeste e a Eclíptica.Esta constelação ,além de Prócion ( Precursor do Cão Maior) ,sua estrela principal , de brilho dourado e a sétima mais brilhante do céu , apresenta apenas uma outra companheira visível a olho nu .
Painel horizontal da itaquatira de Ingá
Os petróglifos da itaquatiara de Ingá , além daqueles entalhados na face leste (painel vertical) e no topo de um grande bloco de granito, apresentam um terceiro grupo, menos conhecido, mas também de grande valor etnográfico , que chamamos de “painel horizontal” ;neste último a grande maioria dos glifos é explicitamente estelar .
Sírio na itaquatiara de Ingá
Dentre os glifos estelares do painel horizontal da itaquatiara de Ingá , destaca-se aquele que é o maior de todos e formado por nove raios que partem de uma depressão hemisférica (mossa ) central .
Acreditamos que somente uma estrela de excepcional fulgor , tal como Sírio , receberia este registro tão privilegiado . Além disso , na itaquatiara , este glifo está astronomicamente posicionado – dentro uma certa tolerância - de modo correto em relação aos glifos que interpretamos como representativos da constelação de Órion e das Plêiades .
Do mesmo autor ,
* “ Os Astrônomos Pré-Históricos de Ingá” – 1987 – Ibrasa ,São Paulo . Leia trechos na internet ,em “Google Book Result”.
* * “ Os Astrônomos Pré-Históricos de Ingá – II” - 2007 – São Paulo .